As viagens de autocarro por si só já são cansativas. Passar (cerca de) 4 horas em viagem, num sítio minúsculo, em que as possibilidades de esticar as pernas são nulas e onde é complicado "puxar o banco para trás" visto que existem mais passageiros, É digo de um valente e grande porra! como os meus amigos costumam dizer.
Assim sendo, cada um dos passageiros se entretem como podem. Há dois anos (quase três), sempre de um lado para o outro, já identifiquei diversas actividades realizavéis durante as viagens de autocarro: uns ouvem música e, possívelmente colocam a imaginação a trabalhar, outros conjugam a música com a leitura (como eu), há aqueles que simplesmente vão o caminho todo na conversa e na risota e há, por último, aqueles que pura e simplesmente dormem.
Ora, ontem, vinha em no meu cantinho sossegadinha a ouvir música e a ler. Chegados à segunda paragem do percurso (no meu caso, até chegar ao meu destino, o autocarro faz (quase sempre) cinco paragens) decidi parar de ler porque a luz era escassa e é, geralmente, uma das paragens com mais passageiros (bem como minha conhecida). Estava eu a analisar a quantidade de "clientes" (pois, caso o autocarro encha, significa que já não faremos mais paragens) quando reparei num rapaz alto e de óculos de sol a ler um livro em pé. Quando o motorista começou a colocar as malas, o dito rapaz fechou o livro e quase foi contra a rapariga que estava mesmo colada a ele, ao que a jovem o olha com ar de Bem, vamos lá ver! Nos meus pensamentos imaginei um rapaz literalmente desastrado.
Começam a entrar os passageiros. Mantenho a esperança que ninguém se queira sentar ao meu lado e eu não tenha de levar a mala do PC entre as pernas e a bolsa ao colo e encolher-me toda no meu espaço minusculo. Mas, eis que a minha esperança se desmonura quando o dito rapaz alto e de óculos de sol me pergunta se se pode sentar. Como é lógico respondi que sim.
Recomeça a viagem. O jovem, tal como eu, vai a ler um livro; mas, depressa se cansa e adormece. De repente, começo a sentir algo demasiado próximo do no meu ombro. Olho para o lado e qual não é o meu espanto quando vejo a cabeça do dito rapaz praticamente no meu ombro! Naquele momento pensei se lhe deveria empurrar a cabeça, acorda-lo ou sei lá o que... Porém, foi o sulavanco do autocarro que o fez mudar a posição da cabeça para o outro lado. Pensei que tal não voltaria a acontecer... Engano meu! Na maior parte da viagem, aquele jovem quase colocava a sua cabeça no meu ombro alterando-a conforme os sulavanco ou alguma travagem.
Nunca me tinha acontecido tal coisa. Já tive uma amiga que adormeceu no meu ombro, mas nunca um desconhecido. Os "meus" desconhecidos companheiros de viagens adormeciam ora de boca aberta, ora com a cabeça caida para a frente, ora assim ou assado, mas nunca como aquela personagem.
Sempre que sentia a sua cabeça encostar no meu ombro, olhava-o e só pedia Ao menos que não se babe e nem me babe!
Enfim, viagens de autocarro têm destas coisas maravilhosas, nunca sabemos com que contar! Bom, pelo menos não me babou...
Isso mesmo, sou uma tonta ou melhor, burra! Sim, é verdade, passo a explicar...
Decidi que hoje era o dia de comprar o que tanto me faltava: o ferro de engomar e o mp3. O autocarro vinha cheio, parecíamos salsichas enlatadas. Entrei e piquei a senha e (pensando eu) coloquei a senha na pequena mala de tiracolo. Até aqui nada de especial.
Entrei na loja dos electrodomésticos e escolhi o que necessitará. Dirigi-me à caixa, tendo à minha frente duas adolescente à espera de pagar o novo telemóvel. Chegada a minha vez, pedi a factura (como boa cidadã que sou e gaja que "entope filas") e enquanto aguardava olhava o ecrã indicando os preços e os produtos. Qual não é o meu espanto quando vejo uma senha dos autocarros mesmo ali, "à mão de semear"! Optei por deixar a senha no seu sitio, esperando que as suas donas (partindo do principio que seriam as duas adolescentes) o viessem recolher. E arrependi-me...
Cheguei à paragem e procurei desesperadamente a minha senha. E nada! Não a encontrei.
Moral da história, há coisas que não acontecem por acaso. E eu que pensará: "E porque não levar a senha? Ficava com mais!"
Que raiva!
Depois de três semanas alucinante de papéis, canetas, livros, trabalhos e testes para aqui e para acolá, eis que finalmente chegaram as "férias". "Férias" como quem diz: a estudar para os exames!
Mas, porque eu mereço, domingo de manhã será dedicado ao sono! Só me volto a levantar cedo na segunda e tenho dito! E só não tiro sábado para dormir, porque o estapor do autocarro é cedo...
A proposito, porque será que os tipos dos Morango passam a vida em festas e tiram sempre altas notas?! Epah, que coisa irritante!
Nunca pensei que algo tão simples se poderia tornar doloroso. Sempre pensei que "apaixonar-nos por nós próprios" seria fácil, algo que ocorreria quando eu quisesse e como. Mas não...
Compreendi, à alguns meses atrás, que precisava de fazer mais por mim. Estava farta da menina que se lamentava de tudo e de nada, da menina que queria falar e não sabia como, da menina de sempre.
Enquanto vinha no autocarro, pensava no quão doloroso têm sido os últimos tempos. Parece uma montanha-russa, de altos e baixos, de paragens e recomeços. As vezes questiono-me se isto valerá a pena. É triste percebermos que não temos amor próprio.
Quero mudar. Quero ser uma menina mais comunicativa, mais aberta, alegre, divertida. Quero mudar-me, transformar-me, alterar-me. Quero tanta coisa!
É difícil transmitir o que sinto. Sinto, apenas, que enquanto não me apaixonar por mim, não conseguirei e evitarei que alguém se apaixone por mim.
Hoje percebi, finalmente, que talvez continue sozinha porque afugento quem se queira aproximar, pois não me "amo" o suficiente.
Uma viagem de autocarro, para além de cansativa, serviu para compreender que a minha vida tem sido passada, maioritariamente, a queixar-me e a nada fazer. Parece que estou à espera que as coisas mudem por arte do "Divino Espírito Santo".
Dentro do meu ser, atropelam-se sentimentos, medos e receios. Quero combate-los, mas como? Quando terminará isto?
Seria tudo bem mais simples se a minha vida fosse aquela que imagino nos meus sonhos...
Fim-de-semana prolongado à porta significa:
Finalmente vou a casa (e não tenho vontade de fazer a mala!)!!!
São elas:
Quanto à asneira de segunda-feira, está resolvida ... (obrigada pelas mensagens de apoio!)
. Desabafo de um processo d...
. 3 coisas que odeio que me...