Sou como essa menina. Sinto-me como ela. Como a menina do meu cabeçalho. Revi-me naquela figura triste traçada a azul e castanho. Sensação estranha.
Um dia, numa aula de Francês (estando eu, talvez, no oitavo ano) a professora afirmara conhece-nos a todos muito bem. O riso foi geral. Para demonstra-lo, descreveu-nos a cada um de nós. E acertava. Quando chegou a minha vez disse, sem mais acresentar:
Tu tens duas caras. És uma coisa aqui e lá fora, longe de nós és outra.
Porém, ninguém compreendeu o que ela quis dizer sobre mim...
A caminho de casa, olhando as imagens reflectidas na janela do comboio que, apressadamente, corriam pensei naquela frase que me marcou. Naquela altura disfarçava a tristeza intercalados com a alegria e o silêncio. Em casa era alegre, mas escola era triste e calada... Poucos ou, mesmo ninguém, sabia o que se passava comigo naquele Colégio.
Passaram anos. Cresci, mudei, aprendi... Mas as máscaras não mudaram. A vida ensinou-me outras técnicas de disfarçe.
Diariamente escondo a tristeza, os medos, os problemas, os receios. Tento evitar que percebam, apesar de nem sempre acontece. E mesmo quando estou alegre, contente e aparentemente feliz sinto-me triste. Nestas alturas recuo aos velhos tempos de Colégio e utilizo a máscara do silêncio.
Não quero ser a coitadinha, não quero que tenham pena, não quero frase que já sei de cor, não quero que me chamem de egoísta... Sobretudo, não quero falar sobre algo que não compreenderam...
Sinto-me como essa menina de azul e castanho, com uma dupla face que ora mostram uma Maria feliz, ora uma Maria triste.
Gosto de olhar o mar. Gosto de me sentar na rocha ou na areia e de o observar, enquanto vaguei nos meus pensamentos. É incrível como ele nos transmite um conjunto variado de sentimentos e emoções.
Se por um lado ele nos transmite paz, esperança e sonhos, por outro ele é sinónimo de medo e respeito. Quando o observo, sentada na areia, admiro-lhe a grandeza e a força e todo o conjunto de sensações que em mim desperta.
Tenho o privilegio de morar junta ao rio e proximamente do mar. Quando me sinto em baixo, mesmo não estando junto dele, penso no mar e quando posso, caminho ao seu encontro. Chegada ao destino, penso nos medos que ele causa, no respeito, na admiração que sinto, na esperança que ele me transmite.
Quando era pequena e via o mar revolto, pensava que ele estava assim porque estava zangado com os homens. Hoje, quando assim no vejo, sinto a tristeza a desaparecer, dominada pela alegria expectativa de um futuro melhor. E mesmo quando o mar esta calmo, todos os meus males desaparecem...
Tranquilamente ou revoltoso, o mar faz-me esquecer, por algum tempo, o mundo de loucos em que vivo. Faz-me acreditar na magia dos sonhos, no poder da amizade, na segurança da família, num mundo melhor. É com ele que tomo as decisões mais importantes e é com ele que acredito no amor, na felicidade, na amizade, na alegria, na força. Diz-se que depois da tempestade, bem a bonança e é com ele que este velho ditado faz sentido: depois de um mar revolto, em que domina o medo, chega um mar calmo, tranquilo, trazendo esperança, alegria, paz...
É junto ao mar, e até mesmo junto ao meu rio, que encontro a paz que necessito. Mesmo estando longe dele, basta imaginá-lo na minha mente e contemplar-lhe as fotografias tiradas por mim ou encontradas neste mundo virtual, para tudo melhorar. Eis o motivo para o fundo escolhido...
Sou tão inconstante, que em pouco mais de 2 meses de existência deste blog, já alteri o umas 500 vezes o fundo a este meu cantinho (vá, umas 4 vezes!).
Dizem que é defeito dos seres que nascem sob influência do signo de Gémeos. Signos à parte, a verdade é que sou uma alma muito inconstante. Depressa me farto das coisas, gosto de mudar e de variar e tal... Curiosamente, só em certas áreas .
Finalmente, encontrei um fundo de que goste . Quer dizer, talvez tenha encontrado, porque o mais provável é em breve voltar a trocar .
. Mar.
. Blog.